AVB tem ano de recordes, mas lucro fica estável – 27/03/2023.

27 de março de 2023

 

Assim como outras empresas industriais, de vários setores, a Aço Verde do Brasil (AVB) sentiu ao longo do ano o impacto da desaceleração econômica do país e o peso da inflação nos negócios. “Tivemos um quarto trimestre mais duro e enfrentamos um ano de mercado pior em 2022, com retração de demanda”, comenta Gustavo Bcheche, diretor financeiro e de RI da siderúrgica.

Controlada do grupo mineiro Ferroeste e localizada em Açailândia (MA), a ABV encerrou o ano passado com leve recuo no lucro líquido, embora tenha registrado recordes de vendas de aços laminados longos – sua especialidade – e de receita líquida. A siderúrgica obteve aumentos de 36% nos despacho, com 352 mil toneladas, e de 34% na receita, que atingiu R$ 1,89 bilhão.

Na última linha do balanço, a companhia registrou ganho de R$ 542,5 milhões – menos 0,2% em relação a 2021. A margem líquida, no entanto, recuou quase 10 pontos percentuais, a 28,7%.

Bcheche diz que os preços, em média, tiveram queda de 9% no ano, corroendo o expressivo aumento de vendas. O custo dos produtos vendidos (CPV) teve alta de 52,8% – nessa conta entram custo de matéria-prima (minério de ferro e carvão vegetal), de logística (peso do frete para atingir os principais mercados do país), além de outros custos internos.

“Nosso resultado é fruto do aumento de volume vendido e de rígido controle de custos nas operações da AVB”, afirma o executivo. A empresa conseguiu fechar o ano com alta de 6,8% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado – R$ 804 milhões. A alavancagem financeira (dívida líquida/ Ebitda) permaneceu em 0,6 vez.

No quarto trimestre, o ganho recuou 14,4% ante um ano atrás, para R$ 96,7 milhões, apesar de a receita ter crescido 30,7% e o Ebitda, 7,6%. “Tivemos eleições no período, que foi volátil, alta da inflação num contexto de política fiscal deteriorada e juros persistentes em níveis elevados. Mas conseguimos neutralizar o ambiente”, afirmou.

A AVB encerrou o ano com dívida líquida R$ 476,1 milhões, menor do que no final de 2021, e caixa de R$ 562,8 milhões. Em maio, a empresa aproveitou janela favorável e emitiu título do agronegócio (CRA) de R$ 400 milhões para dar suporte aos investimentos em base florestal (reforço da produção de biocarbono/carvão vegetal).

“Terminamos o ano bem motivados para continuar ocupando nossa capacidade instalada, sem esquecer a política de controle de custos”, diz o executivo. A AVB tem dois altos-fornos de gusa que abastecem uma aciaria de tarugos de 600 mil toneladas por ano. A empresa pode vender no mercado, em caso atrativo, tanto gusa quanto tarugos. A laminação está apta a 600 mil toneladas (fio-máquina, vergalhões e trefilados).

A empresa informou que manteve seu selo de siderúrgica com emissão neutra de CO2, com base em medições reconhecidas internacionalmente – repetiu as 0,02 toneladas de CO2 por tonelada de aço fabricada. “O mesmo nível de 2021 apesar do aumento de volume produzido”, disse Bcheche.

Na governança corporativa, a AVB abriu duas vagas para membros independentes no conselho de administração. Duas conselheiras se juntaram aos acionistas no CA: duas mulheres e dois homens.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 27/03/2023

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