Conflito adiciona novo problema no mercado de metais e aço – 25/02/2022.

25 de fevereiro de 2022

O conflito geopolítico envolvendo Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores de metais, petróleo, gás, carvão e produtos da cadeia do aço, adiciona um novo problema no cenário global do mercado de commodities. Essa é a avaliação do consultor José Carlos Martins, da Neelix Consulting – Mining & Metals e que foi diretor executivo da Vale por dez anos, até 2014 – ele foi responsável pelo segmento de metais ferrosos.

Segundo o executivo, Rússia e Ucrânia colocam no mercado mais de 100 milhões de toneladas de bens que são matéria-prima e insumos industriais. Esse volume inclui minério de ferro (75 milhões de toneladas), aço, sucata metálica, gusa, alumínio e níquel, entre outros. “O desequilíbrio na oferta das commodities só vai agravar”.

A companhia russa Rusal é uma gigante global do alumínio, enquanto a Norilsk está logo atrás da Vale na liderança de níquel.

“Vamos ver impactos nos preços desses produtos no curto e médio prazo, até que o cenário dessa questão geopolítica fique mais claro. E isso vai encarecer os preços dos produtos, que já estão elevados, em razão das dificuldades nas cadeias produtivas”, destaca o consultor da Neelix.

Um dos pontos, observa, é ver o quanto as sanções de Estados Unidos e países da União Europeia, além de outros, vão atingir a Rússia e sua economia. Martins avalia que a China deverá continuar importando minério de ferro russo – em torno de 45 milhões de toneladas ao ano -, além de outros insumos. “Isso poderá amenizar o impacto”, diz.

A Ucrânia é um grande exportador de placas de aço (semi-acabado para fabricação de chapas) no mercado internacional, assim como a Rússia, que vende excedentes de produtos siderúrgicos. A siderurgia russa é a quinta maior do mundo – atrás de China, Índia, Japão e Estados Unidos. O país tem exportado laminados de aço até para o Brasil.

Segundo Martins, os dois países têm balanças superavitárias de commodities e produtos ligados a elas, como aço. Na sua avaliação, a guerra entre os dois países, como iniciativa russa sobre a Ucrânia, cria uma complicação maior, gerando choque na oferta e lavando os preços para o alto.

Segundo o banco UBS, a Rússia responde por cerca de 5% a 10% da produção global de metais básicos, com destaque para alumínio e níquel. “As sanções dos Estados Unidos à Rusal em 2018 tiveram impacto significativo nos preços do alumínio e na indústria como um todo”, informou o banco em relatório.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 25/02/2022

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