Guerra é mais novo fator de pressão sobre abastecimento de insumos na indústria, diz CNI – 07/03/2022

7 de março de 2022

Os dados das contas nacionais divulgados nessa sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Economia (IBGE) contam histórias diferentes dentro da indústria. E a guerra entre Rússia e Ucrânia tem potencial para colocar ainda mais pressão sobre o principal problema enfrentado pelo setor: a falta de insumos nas cadeias globais de abastecimento causada pela pandemia. Essa é a avaliação do gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI),Marcelo Azevedo.

“A questão dos insumos ainda é fundamental para indústria. Vem prejudicando bastante e ainda é considerada um dos principais problemas, senão o principal nesse início de ano”, disse Azevedo, ao Valor.

“A taxa de juros certamente também atrapalha, a questão dos insumos ainda é apontada como o maior problema quando perguntamos. Por isso que a gente tem que levar em consideração os impactos da guerra, mesmo que esses impactos sejam localizados, e não generalizados, como aconteceu na pandemia”. Contudo, alertou, “uma guerra a gente sabe quando começa, mas não sabe quando termina”.

O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria, que engloba o setor manufatureiro, extrativo, construção civil e produção e distribuição de energia e gás, teve retração de 1,2% no quarto trimestre de 2021, na comparação com o terceiro, mas fechou o ano com um crescimento acumulado de 4,5%.

Segundo Azevedo, a indústria de transformação sofreu por um lado justamente por causa da escassez de insumo, enquanto a construção civil foi o destaque. “Tem duas histórias bem diferentes dentro da indústria nesses dados. A indústria da transformação está engatando quedas, o que deixa bastante claro essa dificuldade com a questão dos insumos e também com uma demanda mais fraca em meio à inflação e a perda de renda”, disse.

“Já a construção perdeu um pouco de força no último trimestre, mas cresceu muito bem ao longo de 2021, ainda, muito por conta do ciclo de baixa dos juros. Embora as taxas estejam subindo há algum tempo, o setor ainda se aproveitou do momento de baixa dos juros. A construção trabalha com períodos longos. Foi contratada naquela época e ainda está se beneficiando”, explicou.

Para este ano, a taxa de juros é um elemento de obstáculo a mais tanto para a construção quanto para o setor como um todo. Diante da conjuntura, a expectativa da CNI para este ano é de crescimento moderado, mas a projeção da entidade deve passar uma revisão ainda neste mês.

“Estamos checando os impactos da guerra agora. Vamos começar a fazer as contas levando isso em consideração. Nossa previsão de crescimento do PIB é de 1,2% esse ano. Sabemos que está acima da média do mercado, mas estávamos vendo uma dinâmica mais favorável para o abastecimento dos insumos. Porém, essa questão é afetada pela guerra. Vamos ter que repensar esses números”, revelou o economista da CNI.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 07/03/2022

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