Indústria vê cenário melhor e demanda firme no segundo semestre, indica XP – 30/07/2021

30 de julho de 2021

Ao longo do segundo semestre a indústria brasileira deve continuar apresentando desempenho heterogêneo, mas de forma geral os empresários esperam demanda firme, descompressão de custos e menos escassez de insumos. O diagnóstico é do economista Rodolfo Margato, da XP, que nas últimas semanas realizou uma série de conversas com entidades e empresas do setor. Os segmentos mais relacionados a investimentos, que já vinham bem, devem continuar assim até 2022, diz.

Mais que fazer prognósticos, diz o economista, o objetivo dessas conversas foi medir o “pulso da atividade econômica”. A próxima rodada de interações será feita com o setor de serviços. Por enquanto, esse pulso reforçou a estimativa da casa, de crescimento de 5,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano.

Do ponto de vista da oferta, a indústria, que no PIB ainda reúne construção e serviços de utilidade pública, deve crescer 6,2%, o que faria o setor recuperar com sobra a queda de 3,5% em 2020. Os serviços devem ter expansão de 5,4%, após retração de 4,5%, e a agropecuária deve avançar 2,3%, depois de crescer 2% em 2020.

Em linhas gerais, escreve Margato no relatório “O Pulso da Atividade”, além da demanda firme, há entre os empresários uma expectativa de alívio na pressão de custos nos próximos meses. Um problema criado na pandemia, a escassez de matérias-primas, diminuiu em muitas cadeias manufatureiras, mas continua afetando de forma aguda ramos como o automotivo e de eletroeletrônicos. Para o economista, a falta de semicondutores e chips não será resolvida tão cedo.

A indústria mais relacionada à dinâmica do investimento – máquinas e equipamentos e construção civil – deve continuar com bons resultados até 2022, diz Margato. “No período recente, observamos crescimento expressivo dos investimentos. Os níveis de produção de bens de capital registrados nos últimos meses foram superiores àqueles do início de 2020 (pré-pandemia) em mais de 15%.”

Fabricantes de máquinas e equipamentos se beneficiaram dos juros baixos, do crescimento do setor agropecuário e imobiliário, do aumento da demanda por embalagens e itens de automação e robotização. E a boa perspectiva para bens de capital deve se manter nos próximos meses com investimentos em obras de saneamento básico, na indústria de óleo e gás. Vestuário, alimentos e extrativa mineral se juntam ao bloco de segmentos com perspectivas positivas.

Ainda nos bens de capital, o aumento da demanda foi tal que o setor conseguiu repassar a alta de custos, em especial do aço, para o consumidor final. O setor industrial espera descompressão nos preços do aço nos próximos meses, mas não nos níveis anteriores aos da pandemia, observa.

Segmentos que, segundo a sondagem feita pelo economista, devem registrar desaceleração, depois de um forte desempenho na pandemia, são móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e automóveis, estes últimos ainda com gargalos na oferta de insumos, como semicondutores e chips. A indústria química também deve continuar a registrar desaceleração no segundo semestre, após crescimento relativamente forte no fim de 2020 e um ritmo menor no primeiro semestre. Aqui, a pressão de custos também tem sido forte. Nos plásticos, alguns segmentos, como os ligados aos segmentos de alimentos e imobiliários, têm melhor perspectiva que os demais, observa Margato.

Quanto ao emprego industrial, a sondagem realizada pelo economista identificou que o fim do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) pode aumentar o desemprego, mas não em grande magnitude. A indústria foi responsável por 21% dos 4,2 milhões de acordos celebrados no ano passado. “Além do BEm, os empresários destacaram que o grau de qualificação e o nível de custo mais elevados das ocupações da indústria de transformação contribuíram para a manutenção do nível de emprego na maioria das atividades do setor”, comenta.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 30/07/2021

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