O temor dos produtores de aço com a queda no consumo da América Latina – 18/07/2022.

18 de julho de 2022

Produtores de aço da América Latina estão preocupados com a desaceleração econômica da região neste ano em relação ao ano passado. Um relatório da Alacero, a associação latino-americana do aço, indica que a região deverá crescer cerca de um quarto em comparação ao observado em 2021, quando alguns países conseguiram atingir PIBs equivalentes aos de 2019, período pré-pandemia de Covid-19, casos de Brasil, Chile, Paraguai, Colômbia e Peru.

Em 2021, a região teve um crescimento de 6,7%. Para 2022, a Alacero acredita que esse porcentual seja de 1,6%. A desaceleração econômica impacta diretamente no consumo de aço, insumo indispensável na indústria e na construção civil.

Segundo a Alacero, o cenário da região é complexo e “marcado por desaceleração econômica, pressões inflacionárias sustentadas e volatilidade”. “O conflito armado entre Rússia e Ucrânia gerou uma escalada geral nos preços das commodities. Dados indicam alta de 23,6% na soja, 34% na de milho, 138% em trigo e 99% em gás natural da Europa”, diz a associação.

Brasil e México são os maiores consumidores de aço da América Latina. Das 83.000 toneladas vendidas à região em 2021, a indústria brasileira utilizou 45.000 toneladas e a mexicana, 24.000 toneladas.

A entidade aponta ainda que, no Brasil, a corrida eleitoral ofuscará as perspectivas de consolidação das contas públicas neste ano. A demanda por aço no país diminuiu 9,6% na construção civil e 8,9% na indústria automotiva, mas cresceu 4,4% em petróleo e gás e 1,4% em energia. Para o país, espera-se uma estagnação geral em 2022 com uma ligeira melhoria em 2023.
Alacero prevê recuo de 8% no consumo de aço na AL em 2022 e recuperação de 4% em 2023

O consumo de aço na América Latina deverá registrar, neste ano, um recuo da ordem de 8%, na média, diante do ano passado. Essa é a expectativa revisada da Asociación Latinoamericana del Acero (Alacero), entidade que reúne mais de 60 fabricantes de produtos siderúrgicos na região.

O volume, no entanto, segundo avaliação da entidade, deve ser considerado satisfatório, se comparado a anos anteriores à pandemia. A Alacero estima que já em 2023 haverá uma recuperação de 4%.

No início de março, a Alacero tinha projetado para este ano uma queda muito mais modesta, de 2,1%, porcentual que na prática representaria apenas um ligeiro ajuste no consumo diante do desempenho visto em 2021.

No entanto, nos últimos meses, leves tendências pró maior recuo observadas desde o fim de fevereiro tornaram-se fatores de peso, e passaram a ter forte influência sobre as projeções para o ano.

Dentre eles, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a política da “covid zero”na China, que vem restringindo a produção e os negócios, e o temor de uma recessão mundial, que pode se espalhar a partir principalmente dos Estados Unidos, devido à alta da inflação naquele país.

De qualquer forma, no ano passado, o consumo aparente de produtos siderúrgicos na América Latina atingiu 74,8 milhões de t, ou 27% sobre 2020. Assim, mesmo caindo 8%, o volume de consumo em 2022 será superior ao de anos anteriores à pandemia, ou seja, entre 2017 e 2019, que foi de 66 milhões.

AÇO BRASILEIRO – O mercado brasileiro representa pouco mais de um terço do volume consumido de aço na América Latina, com mais de 26 milhões de t/ano, em média. O México vem logo em seguida, e bem próximo, com cerca de 25 milhões.

A construção civil lidera o consumo de aço nos países latino-americanos, com 48,3%, seguida pelos setores metalmecânico (17,1%), automotivo (16,8%), manufatura de produtos metálicos (12,4%), equipamentos elétricos (2,2%), transporte (2%) e bens eletrodomésticos (1,2%).

A produção de aço bruto na AL ficou em 64,6 milhões de t no ao passado, alta de 15% sobre o volume de 2020. Mais da metade do volume originou-se no Brasil (36 milhões de t). O consumo per capita médio na região foi de 120 kg por habitante. O setor tem hoje 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos.

É uma indústria que vem tentando se expandir e se modernizar. As empresas siderúrgicas da AL vêm buscando oportunidades de exportações – por exemplo, EUA e Ásia, bem como dentro da região -, com preços cada vez melhores.

Há fortes investimentos também na produção de aços de maior qualidade e na área de eficiência energética, buscando a redução de impactos ambientais e maior descarbonização. A pegada de carbono na região já é de 1,66 t de CO2 para cada t fabricada, ante média mundial de 1,89 te das 2,17 t emitidas na China.

A China, aliás, tem sido uma das grandes preocupações da Alacero, devido a suas práticas de desvios de mercado e subsídios. De fato, das 66 ações antidumping recentemente abertas na região, 43 foram contra aços chineses.

Com agências de notícias (Veja e IPESI)

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 18/07/2022

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