Petróleo e metais perto de marcas históricas – 08/03/2022

8 de março de 2022

Petróleo, minério de ferro, níquel e outras commodities metálicas iniciaram a semana com forte valorização, refletindo desdobramentos efetivos e potenciais da guerra na Ucrânia e das sanções impostas pela comunidade internacional à Rússia. Enquanto o petróleo quase tocou os US$ 140 por barril durante o dia, depois de Estados Unidos indicarem que podem proibir a compra do óleo russo, o níquel chegou a marcar valorização de 90%, ambos retornando às máximas vistas há 14 ou 15 anos com os receios renovados de ruptura na oferta global.

“A recuperação global, antes da guerra, já havia impulsionado os preços das commodities de maneira significativa, à medida que o equilíbrio entre oferta e demanda se desestabilizou”, comentou o estrategista de ações do Julius Baer, Leonardo Pellandini, em nota a clientes. Para ele, os preços desses insumos seguirão em alta se houver continuidade da pressão inflacionária. “No entanto, nossos analistas de commodities veem potencial de queda para os principais metais em relação aos níveis atuais, mantendo o desempenho do setor limitado. O mesmo vale para as empresas de petróleo e gás, cujos ganhos se descolaram da forte alta do petróleo”, escreveu.

Depois de superar os US$ 139 por barril no meio do dia, a cotação do Brent para maio perdeu força e encerrou a segunda-feira com alta de 4,3%, a US$ 123,21 o barril, em Londres. O WTI para abril, por sua vez, avançou 3,2%, para US$ 119,40 o barril em Nova York.

Diante dos riscos de interrupção do suprimento de óleo pela Rússia, o UBS elevou as estimativas para a commodity a US$ 125 por barril para junho (de US$ 95 anteriormente), US$ 115 o barril para setembro e US$ 105 para dezembro (frente a US$ 100 antes). Contudo, caso o conflito entre Rússia e Ucrânia se agrave, o banco vê espaço para que as cotações alcancem US$ 150 por barril.

Na Bolsa de Metais de Londres (LME), os contratos de níquel para três meses encerraram o dia com alta de 76%, para US$ 50.925 a tonelada, depois de terem tocado a marca de US$ 55.000 mais cedo. A Rússia responde por cerca de 10% da oferta global de níquel, que é usado principalmente e, baterias e no aço inoxidável.

Para a equipe de análise do BTG Pactual, as ações da Vale deveriam refletir a trajetória recente de valorização do metal. “Não estamos afirmando que os preços do níquel são sustentáveis nos níveis atuais, mas reiteramos a avaliação de que a unidade de metais básicos da Vale está mal precificada”, escreveram, em nota a clientes. Para os analistas, o rali do níquel pode levar a uma revisão para cima dos ganhos estimados para a mineradora, “que está subvalorizada”.

Acompanhando a escalada das demais commodities, o minério de ferro voltou a disparar no mercado à vista nesta segunda-feira. Segundo a publicação especializadas Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com valorização de 5,7% no porto de Qingdao, para US$ 161,65 a tonelada, o maior preço desde meados de agosto.

Com esse desempenho, a principal matéria-prima do aço acumula ganho de 17% em março. No ano, a alta se aproxima de 34%. Na Bolsa de Commodity de Dalian, os contratos mais negociados, para maio, subiram 7,1%, a 870 yuan (US$ 137,69) a tonelada, nível mais elevado desde o fim de agosto.

A guerra na Ucrânia pode ter diferentes reflexos sobre o minério. Do lado da oferta, a avaliação é que o suprimento de pelotas de alto forno pode ser afetado uma vez que Rússia e Ucrânia exportam, juntas, 25 milhões de toneladas por ano, de um mercado de 80 milhões de toneladas no total.

Além disso, segundo o chefe de análise da consultoria Mysteel, Wang Jianhua, os preços domésticos do aço na China podem se recuperar ao longo deste mês, impulsionados pela demanda que tende a ser mais forte. De acordo com a Reuters, analistas da Huatai Futures estimam que os russos respondam por 10% do comércio global de aço, enquanto Ucrânia participaria com 4% desse mercado. A menor oferta de produtos siderúrgicos dos dois países poderá ser suprida pelos chineses.

Segundo a Mysteel, o consumo diário de finos de minério importados nas 64 siderúrgicas chinesas acompanhadas subiu 8,2%, na terceira semana consecutiva de alta, para 511,8 mil toneladas na última semana. Já os estoques de finos de minério, conforme a consultoria, permaneceram estáveis nas usinas monitoradas.

Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 08/03/2022

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