Preço do minério deve ser mais fraco no 2º semestre – 03/07/2023.

4 de julho de 2023

Com valorização de pouco mais de 8% em junho, o minério de ferro encerrou o primeiro semestre valendo pouco mais de US$ 111 a tonelada, com os participantes do mercado transoceânico divididos entre as recentes sinalizações de Pequim de que a economia chinesa está no caminho para crescer mais de 5% neste ano e as estatísticas que mostram que o setor imobiliário no país asiático, responsável por cerca de 40% do consumo interno de aço, não recuperou seu vigor.

Para o segundo semestre, as expectativas mais moderadas têm prevalecido e a projeção é de preços mais perto de US$ 100 no mercado à vista, frente à média de US$ 118,17 a tonelada registrada nos seis primeiros meses do ano.

“A produção de aço na China tem crescido, ainda que num ritmo mais lento, mas baseada nas exportações e não em consumo interno”, pondera o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, que projeta preço médio de US$ 110 por tonelada para a commodity em 2023. Diante disso, a expectativa é de um segundo semestre mais fraco, mas sem queda muito exagerada das cotações.

Na sexta-feira, a Bloomberg informou que as principais siderúrgicas chinesas alertaram para um segundo semestre “muito desafiador”, com demanda e rentabilidade fracas, combinadas à pressão para cortar custos, em reunião com a Associação de Ferro e Aço da China (Cisa, na sigla em inglês). “Surge um ponto de inflexão do pico de demanda por aço, e os problemas de consumo insuficiente e margens estreitas estão particularmente destacados”, disse a entidade em nota.

De acordo com índice da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou a sexta-feira com baixa de 1,7% no norte do país asiático, para US$ 111,60 por tonelada. Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos futuros mais negociados, com entrega em setembro, recuaram 0,7%, para 822,50 yuan por tonelada.

Conforme Sasson, ao analisar o primeiro semestre de ponta a ponta, o minério saiu de US$ 117 para o patamar de US$ 111, o que sugere que não houve grande variação. “Mas o caminho não foi tão tranquilo assim”, observa.

Nos primeiros meses do ano, após a reabertura chinesa e o relaxamento da política de covid zero, a commodity chegou a rondar os US$ 135 por tonelada. Mas caiu abaixo de US$ 100 durante alguns dias de maio, pressionada pelos sinais reiterados de que o setor de propriedades chinês não se recuperou. “O que todos estão olhando é o nível de recuperação e dinamismo do mercado imobiliário chinês”, diz o analista.

Em relatório do início de junho, o Julius Baer jogou um balde de água fria sobre aqueles que esperavam um pacote de estímulo robusto para o setor imobiliário chinês. Para o chefe de pesquisa de próxima geração do banco suíço, Carsten Menke, o governo local reluta em adotar medidas amplas de estímulo porque está ciente dos desafios demográficos de longo prazo da China. Além disso, o fato de as importações de minério de ferro ainda estarem acima da média de cinco anos é sinal de recomposição de estoques, não de fortalecimento da demanda – o que é corroborado pelas exportações elevadas de aço.

“O mercado imobiliário chinês não deve apresentar recuperação rápida, o que reduzirá a demanda por minério de ferro e aço. Como resultado, uma recuperação de preço mais duradoura ainda parece muito improvável”, apontou.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 03/07/2023

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