Setor do aço projeta estabilidade para 2023, mas vê potencial com reformas – 02/06/2023.

2 de junho de 2023

O setor do aço tem se mostrado “resiliente” frente às adversidades econômicas internacionais e do Brasil. A avaliação é do vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, que apresentou os dados da indústria siderúrgica em reunião-almoço da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), nesta quinta-feira (1º), em Porto Alegre. O evento contou com a presença de entidades e empresários do setor. Apesar de projetar estabilidade para este ano, Homes acredita que com as reformas (tributária e administrativa), baixa nos juros e crescimento do PIB, a tendência é de melhora.

“Hoje, estamos vivendo um cenário de estabilidade, o setor sofre impactos de consumo e investimento, principalmente por conta do cenário de altos juros”, considerou Homes. Conforme apresentou, os juros reais do Brasil chegam a 7,5%, um dos maiores da América Latina, o que prejudica o setor. Para este ano, o Brasil deve sofrer uma leve queda (-1%) no consumo de aço, de 13,8 milhões de toneladas do ano passado para 13,6 milhões de toneladas. No ano que vem, no entanto, a retomada deve ser consistente, com crescimento de 3%, chegando a 14 milhões de toneladas de planos totais.

Ele ressaltou também que, pela primeira vez, o México ultrapassou o Brasil no consumo de aço. “Bom para o México, ruim para o Brasil”, ponderou. Em 2022, o Brasil figurou no 9º lugar de produtores da matéria-prima. Apesar disso, o executivo se manteve otimista em relação ao futuro do setor que, com a mudança das projeções do PIB para cima e reformas administrativas, tende a crescer. O último boletim emitido pela Focus projeta um crescimento de 1,4% do PIB em 2024. “O consumo está ligado ao PIB. Com uma projeção de crescimento, mas precisamos reduzir os juros e fazer a reforma tributária e administrativa. Assim, conseguimos reativar todos os setores relacionados a o consumo de aço, setor de construção, setor de consumo, de carros, maquinários e equipamentos. Os investimentos precisam voltar ao Brasil”, ponderou.

A reabertura da China e a diminuição dos gargalos da cadeia de suprimentos também animam os empresários, mesmo com os juros altos e a inflação persistentes. Além disso, os dados apontam um cenário favorável às indústrias que utilizam o aço, como a automobilística (o setor pode crescer a produção de 2% este ano em relação ao ano passado e 4% no próximo) a de equipamentos agrícolas, e a de equipamentos para extração mineral e na construção, que deu um salto de 15% de 2021 para 2022.

Oportunidades na construção civil e energia podem impulsionar setor

Durante o evento, o vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, destacou as potencialidades do aço mesmo com um cenário de estabilidade no Brasil. Entre as principais oportunidades está o número de carros por habitantes, que ainda é considerado baixo, maior uso do aço para construção civil e para o saneamento básico.

“O déficit habitacional é estimado em 6 milhões de moradias. Se consideradas aquelas em situação precária, o número sobe para 25 milhões”, afirmou. Ele ainda apontou para o papel do aço no desenvolvimento da energia sustentável: cada novo megawatt (MW) de energia solar requer entre 35 e 45 toneladas de aço, e cada novo MW de energia eólica requer 120 a 180 toneladas de aço.

O vice-presidente comercial da Usiminas também acredita que Re-shoring, quando a produção volta para o próprio país de origem, podem abrir novas oportunidades de integração dos produtos em aço brasileiro nas cadeias de valor. “Temos que apostar na reindustrialização do País”, concluiu.

O presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antonio Fernandes Martins, também acredita que o setor apresenta uma perspectiva de melhora. “As vendas estão boas, o setor que estava prejudicado, de transporte coletivo, melhorou muito. Houve queda no setor de transporte de carga, mas não chegou a afetar.”

Ele também defendeu que a Reforma Tributária seja acelerada no congresso. “Precisamos simplificar a tributação. Não podemos conviver com a maratona de impostos que temos”, refletiu Martins.

Fonte: Jornal do Comércio
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/06/2023

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