Siderúrgicas devem ser mais impactadas com crise energética, diz Credit Suisse – 02/06/2021

2 de setembro de 2021

Em meio a temores crescentes relacionados à crise hídrica e problemas na geração de energia elétrica no país, o Credit Suisse aponta que, dentre as empresas de materiais básicos da bolsa brasileira, as mais impactadas no atual cenário de escassez energética devem ser as produtoras de aço.

“Em nossa opinião, as siderúrgicas brasileiras parecem ser as mais expostas a um cenário de escassez ou racionamento de energia, devido ao fato de que as receitas derivam principalmente das vendas internas e também porque seus clientes industriais tendem a ter necessidades de eletricidade relativamente altas”, afirma o analista de ações do banco suíço, Caio Ribeiro.

Segundo ele, ainda que haja maneiras de as siderúrgicas compensarem os cortes de produção, a demanda por aço seria mais negativamente impactada, em uma base relativa, do que a demanda por celulose, papel ou minério de ferro.

Ribeiro afirma que, atualmente, a CSN tem uma autossuficiência de cerca de 65% em eletricidade, enquanto a Gerdau tem uma dependência relativamente maior da compra de eletricidade de terceiros, com uma autossuficiência de aproximadamente 20%.

“No entanto, como vimos em 2001 [ano que houve racionamento de energia], a amplitude geográfica da empresa e a diversificação de ativos podem fornecer flexibilidade operacional para enfrentar os impactos potenciais”, diz.

Segundo o analista do Credit, a Usiminas hoje possui cerca de 24% de autossuficiência elétrica. “Quase todas as compras de eletricidade de terceiros das siderúrgicas brasileiras estão travadas por contratos de longo prazo que, em sua maioria, protegem contra um forte aumento nos preços da eletricidade à vista”, diz.

No entanto, os impactos negativos de uma escassez ou racionamento de energia ainda seriam sentidos pelos clientes das companhias siderúrgicas, especialmente os da indústria, “o que, em nossa opinião, poderia se traduzir em remessas menores, mesmo que sejam capazes de evitar perdas de produção”, diz.

No setor de mineração, o analista aponta que a Vale gera cerca de 68% da eletricidade de que precisa. “No entanto, como as receitas são principalmente provenientes do exterior, vemos que a demanda pelos produtos da Vale permanece relativamente incólume. Além disso, vale ressaltar que 100% das compras de energia elétrica de terceiros estão vinculadas a contratos de longo prazo”, afirma.

Por fim, no segmento de papel e celulose, Ribeiro aponta que, na verdade, a Suzano é exportadora líquida de energia elétrica e a Klabin tem 94% de autossuficiência, “o que nos leva a acreditar que a Klabin deveria ter um impacto bastante neutro, enquanto a Suzano poderia realmente se beneficiar se o governo brasileiro implementasse medidas restritivas, especialmente se pudesse ser capaz de vender parcialmente seu excedente de energia a preços mais altos e, assim, reduzir seus custos”, afirma.

Ele também lembra que apesar de a Dexco não ter autogeração de eletricidade, ela contrata quase todas as suas necessidades em contratos de médio a longo prazo.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 02/09/2021

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