Usiminas: qual é o impacto da paralisação do alto forno em Ipatinga? Preço do aço não deve ser alterado – 28/09/2021

28 de setembro de 2021

A Usiminas informou nesta segunda-feira, 27, que um incidente na Usina de Ipatinga vai obrigar a paralisação das operações por um período de 90 a 150 dias, “a depender da solução de reparo a ser implementada”. Segundo a empresa, o acidente ocorreu no Alto Forno número 2 na última sexta-feira, 24.

A empresa diz que espera compensar a menor produção de aço bruto com a utilização de seus estoques e com a compra de placas no mercado, para minimizar o impacto no atendimento dos compromissos com os seus clientes.

A paralisação do equipamento ocorre três meses após a Usiminas retomar a operação do Alto Forno número 2 da Usina de Ipatinga. Segundo a siderúrgica, a capacidade do equipamento que será paralisado é de 55 mil toneladas de ferro-gusa por mês ou 600 mil toneladas por ano. O equipamento havia ficado um ano e dois meses parado, quando, após mais de R$ 65 milhões em investimentos, voltou a operar.

Preço do aço não deve ser alterado

Em uma situação normal, a paralisação da Usiminas poderia gerar aumento de preços, já que os custos da siderúrgica vão aumentar e poderiam ser repassados. Mas com o preço do minério de ferro em queda, é muito difícil que o aço sofra um novo reajuste, segundo especialistas.

“A Usiminas vai pagar caro pelas placas e não vai querer vender mais barato, já que o custo de produção deverá aumentar. Mas o preço do aço no mercado está estável e assim deve continuar até o fim do ano. É claro, não vai haver redução de preço, como alguns imaginavam, com a briga das usinas pela oferta, mas subir também não vai, já que os preços lá fora estão em queda”, diz Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço. Para ele, a exceção seria a alta do dólar, “mas isso também não deve ocorrer”.

Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, explica que o preço do aço não diminuiu com a retomada do alto forno da Usiminas, pouco meses atrás, e também agora não deve ter impacto substancial diante desse evento.

Ele diz que o impacto será muito mais forte para a própria Usiminas, que terá problemas operacionais e poderá ter de mexer nas margens para atender os contratos que já foram feitos levando em consideração a operação do alto forno.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, também acredita que o preço não deve sofrer alteração até o fim do ano. “Se caso acontecer de o preço internacional cair muito, aí eles darão desconto, sempre foi assim. Mas reajuste para cima este ano eu não espero”, afirma.

Produção interna

Carlos Loureiro, do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, diz que o mercado interno não deve sofrer com a paralisação do alto forno da Usiminas. Ele afirma que a siderúrgica poderá destinar novamente ao mercado doméstico as exportações que haviam sido retomadas com o reabastecimento completo por aqui.

Marco Polo Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, avalia que a produção de aço provavelmente será revista, mas as vendas de laminados não serão alteradas porque a Usiminas vai comprar placas para relaminar.

Segundo os últimos dados da Aço Brasil, a produção brasileira de aço bruto chegou em agosto a 3,1 milhões de toneladas, um aumento de 14,1% ante o apurado no mesmo mês de 2020. Já a produção de laminados foi de 2,3 milhões de toneladas, 25,7% superior à registrada em agosto de 2020. A produção de semiacabados para vendas foi de 748 mil toneladas, um aumento de 19,1% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2020.

As vendas internas avançaram 10,4% em relação a agosto de 2020 e atingiram 2,0 milhões de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,3 milhões de toneladas, 22,7% superior ao apurado no mesmo período de 2020. As exportações de agosto somaram 865 mil toneladas, ou US$ 868 milhões, o que resultou em aumento de 2,9% e 128,3%, respectivamente, na comparação com o registrado no mesmo mês de 2020. As importações em agosto de 2021 atingiram 461 mil toneladas, ou US$ 463 milhões, uma alta de 254,9% em quantidade e 203,7% em valor na comparação com o registrado em agosto de 2020.
Usiminas tem problema em alto-forno que foi reformado
Conserto do equipamento, que voltou a operar em junho após reforma que custou R$ 67 milhões, pode demorar até 150 dias, segundo a empresa

A Usiminas anunciou ontem a parada para manutenção do alto-forno 2 da usina de Ipatinga, no Vale do Aço (MG). O equipamento, que passou por reforma em 2020 e voltou a operar em junho deste ano, sofreu um incidente – de acordo com a companhia – na última sexta-feira. O conserto pode durar até cinco meses, segundo informou na manhã de ontem em comunicado ao mercado.

O equipamento tem capacidade de produzir 55 mil toneladas ao mês de gusa, ou 600 mil toneladas ao ano. Com a parada, a Usiminas informou que deve elevar a compra de placas para atender o mercado doméstico de aços laminados. No primeiro semestre, ela adquiriu 1,32 milhão de toneladas de placas de terceiros. As vendas de laminados no período somaram 2,61 milhões de toneladas.

O mercado, no entanto, considerou a parada no equipamento, pouco mais de três meses da retomada, negativa para a companhia. Isso porque os custos devem aumentar substancialmente com a compra de placas de terceiros para manter a produção de laminados tanto em Ipatinga quando em Cubatão (SP).

Em relatório, Thiago Lafiego, do Bradesco BBI, informou que a expectativa era de que a Usiminas reduzisse os custos fixos com a retomada desse alto-forno, em junho. Agora, com a parada para consertar o equipamento, as despesas devem aumentar na produção de laminados. “Esperávamos que o aumento da produção com o alto-forno 2, levasse a um desempenho de custo melhor nos próximos trimestres. Agora, porém, a Usiminas voltará ao que vinha fazendo no ano passado, aumentando as compras de placas de terceiros”, disse o analista.

Segundo ele, o custo estimado de produção da Usiminas é em torno de US$ 550 a US$ 600 a tonelada. Já os preços spot das placas no Brasil chegam a US$ 775 a tonelada. Nas suas contas, considerando o período de 90 a 150 dias, o custo implícito na operação seria entre R$ 180 milhões e R$ 300 milhões, ou 1,5% a 2,5% do Ebitda de 2021.

“Observamos, entretanto, que a Usiminas não deve sentir o impacto total da diferença de custo de uma só vez, pois estimamos que a empresa tenha cerca de três meses de estoque de placas”, observou.

No relatório, o analista diz que os gastos para a nova reforma no equipamento podem chegar a R$ 30 milhões. Na reforma da instalação, a empresa gastou R$ 67 milhões. O Valor apurou que o cone maior do alto-forno desabou dentro do equipamento, contaminando a carga de ferro-gusa e afetando sua estrutura de refratário.

“Embora os custos da empresa devam de fato ser maiores do que o esperado nos próximos trimestres devido ao anúncio de hoje (ontem), ainda vemos os preços das ações da Usiminas em um cenário negativo para 2022”, afirma Lofiego. Ontem, as ações caíram 2,09%, sendo negociada a R$ 15,95.

Para o presidente do Inda, entidade da rede de distribuição, Carlos Loureiro, o incidente pode fazer com que ocorra uma acomodação dos preços da tonelada de aço no mercado interno. Isso porque, com a menor oferta da Usiminas, a concorrência entre as usinas deve reduzir. “Haverá mais “disciplina”.

“Não deve haver tantos descontos. Por isso, creio ser positivo nesse aspecto, com estabilidade nos preços nos próximos três meses”.

Com agências de notícias

Fonte: Infomet
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 28/09/2021

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