Siderúrgicas reajustam preços em até 18%

5 de maio de 2021

Com os preços das matérias-primas (minério de ferro, sucata e carvão) nas alturas, dólar na faixa de R$ 5,45 e preços do aço no exterior em níveis recordes, as siderúrgicas no Brasil começaram maio aplicando uma nova rodada de reajustes nas suas tabelas de preços. Os aumentos definidos por CSN, Usiminas, Gerdau e ArcelorMittal vão de 10% a 18%.

Como sempre tem feito, a CSN) tomou a dianteira. Alegando alta de custos dos insumos e matérias-primas, preços em alta no exterior e dólar valorizado no país, decidiu aplicar, desde sábado, reajustes 15%, 16%, 16,5% e 18% para os tipos de aço que fabrica.

Os aços laminados a quente tiveram 16% de alta, enquanto a folha metálica (usada para embalagens), zincados (montadoras de carros e linha branca), galvalume (para a construção civil) e pré-pintado (linha branca) ganharam 16,5%. O laminado a frio foi reajustado em 18%. Já os aços longos (vergalhões) subiram 15%.

Os aumento atingiram principalmente os mercados de distribuição (com vendas no varejo) e industrial. Os reajustes para montadoras são a cada início de ano e para um grupo de fabricantes de linha branca passaram a ser trimestrais, informou Luiz Fernando Martinez, diretor-executivo comercial da CSN.

Os concorrentes da siderúrgica comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch não ficaram atrás. Na segunda-feira, a Usiminas informou aos clientes aumento de 10% para todas suas linhas de produtos, enquanto a ArcelorMittal aplicou 16% nos aços laminados a quente, a frio e galvanizados. A Gerdau, segundo informações, teria reajustado seus aços planos em cerca de 15%.

Além das pressões de custos alegadas pelas siderúrgicas, o mercado de aço encontra um cenário de demanda aquecida em grande parte da cadeia consumidora – construção civil, automotivo, linha branca, máquinas e equipamentos, implementos agrícolas e rodoviários e tubos. Ao mesmo tempo, há ainda um processo de recomposição e formação de estoques nos clientes.

Há espaço para esse novo reajuste, o quarto do ano, que já leva o aumento de preços a cerca de 50% em 2021? “Se não paga, não tem aço”, diz uma fonte da rede de distribuição de aço plano. Informa que haverá dificuldade de repassar a totalidade para os seus clientes.

Martinez, da CSN, acrescenta que o prêmio entre o aço brasileiro e o importado, já internado no Brasil, estava 5% negativo. Portanto, justificava a nova alta. “A questão é que o minério de ferro superou os US$ 190 a tonelada e a sucata no país está na faixa de R$ 2,3 mil a R$ 2,5 mil a tonelada”. Com os novos reajustes, o prêmio fica 8% a 9% positivo.

Pode ser um momento para fazer importação. Mas quem se dispuser a isso vai encontrar preço em alta nos mercados vendedores. Na China, a bobina a quente estava na semana passada a US$ 931 a tonelada, segundo a S&P Global Platts. O governo retirou incentivo (Rebate) à exportação para privilegiar o mercado chinês, que se encontra muito aquecido. Em agosto, valia US$ 400.

Os preços explodiram em vários mercados: o mesmo material já é comercializado a US$ 1.560 a tonelada nos Estados Unidos. Nove meses atrás, era US$ 520.

“Não há muito para onde fugir. Já começa até a acontecer algumas substituições de uso: pré-moldado de cimento no lugar de instalações de perfis metálicos”, acrescenta o empresário da distribuição. “Se o preço lá fora não cai, não há razão para cair aqui”, diz.

Um alívio é o início da normalização do abastecimento de aço no país. Os estoques nos clientes deverão estar regulados aos patamares pré-pandemia até o fim deste mês, no mais tardar junho. Na rede de distribuição, termômetro do mercado, deverão voltar ao patamar de 2,5 meses de consumo. Assim, os negócios poderão ganhar mais competição.

“Estamos vendo um segundo trimestre de consumo muito forte, puxado por atividades fabris ligadas ao agronegócio”, afirma Martinez, da CSN. Envolve desde a fabricação de silos, armazéns, implementos agrícolas e rodoviários, caminhões pesados até montagem de galpões logísticos. “A nossa carteira de pedidos está vendida até o fim de agosto”, diz.

Fonte: Valor
Seção: Siderurgia & Mineração
Publicação: 05/05/2021

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