Cadeia de aço impacta indústria

17 de março de 2016

Tatiana Lagôa

O mau momento vivido pela cadeia do aço no País tem jogado para baixo os resultados da indústria mineira. Tanto que as regionais com os piores desempenhos do Estado são as que concentram empresas neste setor. O Leste, grande fabricante de produtos de metal, foi o que apresentou a maior variação negativa do faturamento real no acumulado de 12 meses até janeiro, com retração de 26,9%. O Centro-Oeste, onde estão instaladas várias metalúrgicas, teve a segunda maior queda no mesmo período, de 19,2%,.

Segundo a pesquisa Indicadores Industriais Regionais (Index-Regionais), realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), na comparação de janeiro com o mesmo mês de 2015, a queda no faturamento real das indústrias do Leste ficou em 8,4%. Comparado com o mês de dezembro, período em que várias empresas deram férias coletivas para seus funcionários, a redução foi de 14,1%. Como resultado, o nível de emprego em 12 meses caiu 12,1% na regional que inclui cidades como Ipatinga, no Vale do Aço, e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.

Observando o desempenho isolado das empresas que fabricam produtos de metal, com destaque para as ligas metálicas, o nível de emprego na região em janeiro, frente ao mesmo mês do ano passado, caiu 64% e as horas trabalhadas, 41,8%, o que indica menor ritmo de produção.

Já no Centro-Oeste, com destaque para Divinópolis, o faturamento real diminuiu 24,9% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2015. Frente a dezembro, a queda foi de 25%. Com um menor faturamento, as empresas da região também demitiram, de modo que o nível de emprego caiu 12,2% em 12 meses. Somente em janeiro frente a idêntico mês do ano passado, o indicador de empregabilidade recuou 17,5%. Apenas a metalurgia apresentou uma redução de 20,9% no faturamento real em janeiro frente ao mesmo mês de 2015.

“As regiões com maiores quedas são as que têm maior concentração de empresas ligadas à cadeia do aço. Isso acontece porque estamos com uma forte queda na demanda interna, principalmente por parte dos setores automotivo e de construção civil e menor exportação, principalmente por parte das siderúrgicas”, afirma a economista da Fiemg, Annelise Fonseca.

O terceiro pior desempenho no Estado, levando em conta o acumulado de 12 meses, foi o apresentado pela Zona da Mata, que teve redução de 15,6% no faturamento real nessa base de comparação. Em janeiro frente a igual mês de 2015, a retração foi de 21,6%. A queda de empregos ficou em 5,4% na mesma base de comparação.

No caso dessa regional, a explicação das quedas na indústria se justifica pelo desempenho de três setores. O primeiro deles é o de celulose e papel, que apresentou redução de 20,2% no faturamento em janeiro frente ao mesmo mês de 2015. Na mesma base de comparação, as indústrias têxteis registraram queda de 17,1% no faturamento e as de alimentos, 5,4%.

No Sul de Minas, onde o destaque é Pouso Alegre, o faturamento industrial caiu 13,4% em 12 meses. A variação negativa em janeiro comparado com o mesmo mês de 2015 foi de 12,4%. Já frente a dezembro, o setor industrial apresentou alta no faturamento real de 2,8%. Segundo Annelise, a alta não é motivo de comemoração. “Teve elevação porque em dezembro a produção é muito reduzida já que várias empresas dão férias coletivas aos funcionários”, explica a economista.

As indústrias fabricantes de máquinas e materiais elétricos localizadas no Sul de Minas tiveram queda de 30,5% no faturamento real em janeiro frente a idêntico mês de 2015. As de minerais não-metálicos apresentaram retração de 24,2% e de veículos automotores, 22,5%.

Exceção – Já a regional do Triângulo Mineiro, onde estão incluídas cidades como Ituiutaba, Uberlândia e Uberaba, foi a única que não teve queda no faturamento em 12 meses. A regional manteve praticamente estabilidade, com crescimento de 0,9%. Mas em janeiro frente ao mesmo mês do exercício passado, houve queda de 9,9% e na comparação com dezembro, de 17,8%.

O que impediu que a regional apresentasse uma queda expressiva como as demais foi o agronegócio, segundo Annelise. “O Triângulo tem uma concentração de empresas de fertilizantes e, como o setor agropecuário está com desempenho favorável, essa demanda tem segurado os resultados da região”, justifica.

Fonte: Diário do Comércio
Seção: Siderurgia
Publicação: 17/03/2016

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